A revista KAMUKE da Austrália foi uma das primeiras a cobrir o ukulele no mundo, e por isso chama atenção e merece toda a nossa admiração. Conversamos com Cameron para saber de onde veio essa ideia, e também para descobrir se como nós ele é movido pelo amor às quatro cordinhas mágicas.

Edição número 9 da revista KAMUKE
Edição número 9 da revista KAMUKE

Olá Cameron, é muito bom poder falar com você. Nós do UkeCifras nos apaixonamos pelo Ukulele quando o conhecemos e isso que fez com que criássemos o site. E você, como conheceu o Uke ?
Meu avô postiço me apresentou ao ukulele quando eu tinha mais ou menos onze anos. Um fã de carteirinha do excelente músico inglês George Formby, que toca maravilhosamente bem, então o pedi que me ensinasse. Eu vivia na África do Sul naquele tempo e o uke não era um instrumento popular, então por muitos anos eu não conheci mais ninguém que o tocasse.

Por qual razão você abriu a revista KAMUKE ?
Eu sou jornalista de uma revista aqui da Austrália há 16 anos. Em 2011, decidi combinar minhas duas paixões para criar a KAMUKE. Naquele tempo, não havia mais nenhuma revista de ukulele em produção, e eu queria oferecer para todos os iniciantes e fãs uma publicação top de linha que não só traria entretenimento, mas também os informaria sobre a rica história do instrumento. KAMUKE mistura características, entrevistas, análises, dicas de como tocar, artigos históricos, e cabe em uma case de ukulele!

Vocês estão na nona edição. Qual a sua edição favorita até então ?
Isso é igual perguntar qual o meu filho favorito ! Mas se eu tiver que escolher uma só, eu diria a terceira porque ela apresenta a última entrevista do lendário artista Havaiano Bill Tapia. Eu tive a sorte de falar com Bill pelo telefone enquanto cuidavam dele na Califórnia. Infelizmente, ele veio a falecer semanas depois. Bill tinha 103 anos quando se foi e ainda ensinava a tocar ukulele lá pros seus noventa. Sua primeira apresentação foi tocando nas ruas de Honolulu para soldados da primeira guerra mundial à caminho da Europa, e depois ensinou Shirley Temple dentre outras estrelas de Hollywood.

Que tipo de respaldo você tem dos leitores ?
A resposta tem sido esmagadoramente positiva. Como eu sei que você sabe, muita gente subestima o ukulele, então quando eles encontram a KAMUKE, eles ficam maravilhados do quanto existe sobre o uke. A comunidade mundial de ukulele é incrível e continua crescendo conforme mais e mais pessoas descobrem a simples alegria de fazer música.

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Revistas ao redor do mundo estão indo de vento em popa, mesmo com a crescente utilização de smartphones. O que a KAMUKE tem pra oferecer que você não pode encontrar em uma tela ?
Eu não sei vocês, mas eu gosto de segurar uma revista nas mãos. É uma experiência tátil que você não pode ter com um smartphone ou um computador. A impressão permite que eu crie literalmente algo do nada que pode ser lido e relido e passado adiante de uma pessoa para outra. Eu também sinto que os entusiastas do ukulele nascem colecionadores, como eu, então é gostoso poder colecionar cada edição e guardá-las para consultas futuras.

Existem muitas marcas de ukulele. Quais você recomendaria para quem está começando ?
Para iniciantes eu acho que Ohana é a melhor marca. Eu conheço o dono da companhia e ele tem um orgulho real de seus instrumentos. Cada um deles é verificado e tocado antes de sair da fábrica. Lanikai também é boa para começar, junto com alguns modelos da Kala.

E pessoas experientes no instrumento ? Você acha que eles deveriam comprar feito por Luthier ou marcas de alta qualidade ?
Meu conselho é sempre comprar o melhor ukulele que você puder pagar. Um instrumento melhor vai te fazer um músico melhor, principalmente porque você irá querer tocá-lo. Sobre as marcas de alto nível do havaí, eu gosto mais da KoAloha. No meio termo, eu recomendaria ukuleles Romero Creations, que eu vendo exclusivamente aqui na Austrália. Pessoalmente, eu amo instrumentos antigos. Meu favorito atualmente é um Martin 2K soprano feito nos Estados Unidos no início da década de 20 (vídeo abaixo).

 

Pergunta difícil: Qual é melhor - soprano, concerto, tenor ou barítono?
Depende do músico, mas eu amo o soprano! Ele tem aquele som clássico do ukulele. Eu também gosto dos Banjoleles.

Sobre as cordas, Aquilas aqui no Brazil estão ficando populares. Qual marca você gosta ?
Eu uso as PhD Ukulele Strings, que são feitas de PVDF (polyvinylidene flouride), um polímero de grande peso e maior densidade do que o nylon. Elas são brilhantes sem terem tanto volume e são mais suaves nos dedos do que as Aquila comuns. As cordas Worth do Japão também são boas, mas cordas são um assunto um pouco pessoal. É melhor ir trocando a marca e ver qual você gosta mais.

O que podemos esperar das próximas edições da KAMUKE ?
Mais coisas boas do ukulele ! Eu não posso falar muito, mas eu tenho grandes planos para a edição 10, que irá incluir uma entrevista exclusiva com um dos maiores ukers do nosso tempo, assim como algumas surpresas. Enquanto as pessoas gostarem da revista eu vou continuar produzindo. Uke on, Brazil!

Você pode adquirir tpdas as edições da revista e saber mais no site oficial: https://kamuke.com/